sábado, 23 de abril de 2011

HISTÓRIA DO NATAL DIGITAL



Outra maneira de contar a mesma história:

A história, mais ou menos

Negócio seguinte. Três reis magrinhos ouviram um plá de que tinha nascido um Guri. Viram o cometa no Oriente e tal e se flagraram que o Guri tinha pintado por lá. Os profetas, que não eram de dar cascata, já tinham dicado o troço: em Belém da Judéia vai nascer o Salvador, e tá falado. Os três magrinhos se mandaram. Mas deram o maior fora. Em vez de irem direto para Belém, como mandava o catálogo, resolveram dar uma incerta no velho Herodes, em Jerusalém. Pra quê! Chegaram lá de boca aberta e entregaram toda a trama. Perguntaram: “Onde está o rei que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”. Quer dizer, pegou mal. Muito mal. O velho Herodes, que era um oligão, ficou grilado. Que rei era aquele? Ele é que era o dono da praça. Mas comeu em boca e disse: “Jóia. Onde é que esse guri vai se apresentar? Em que canal? Quem é o empresário? Tem baixo elétrico? Quero saber tudo”. Os magrinhos disseram que iam flagrar o Guri e na volta dicavam tudo para o coroa.
Bom. Seguiram o cometa, chegaram numa estrebaria e lá estava o Guri com a Mãe e o Pai. Sensacional. Parecia até presépio vivo. Os magrinhos encheram o Guri de presente. Era Natal, pô. Mirra, incenso, ouro, autorama. Tava na hora de darem no pé quando chega um telex. É do céu. Um anjo avisando aos magrinhos que “não repito, não voltem à presença de Herodes porque o coroa tá a fim de apagar o Guri”. E, depois que os magrinhos se mandaram, chega outro telex, desta vez para o velho do Guri. “Te manda e leva a família. O Herodes vem atrás de vocês e não é para dar presente”. O velho pegou a mulher e o Guri e voou para o Egito. Na estrebaria as vacas ficaram se entreolhando meio acanhadas, mas depois esqueceram tudo. Aliás, um dos carneiros, mais tarde, quis vender a história toda para um jornal de Jerusalém, mas não acertaram o tutu.
Bom, o Herodes, é claro, ficou chutando as paredes quando soube da jogada dos magrinhos. Mandou que todo bebinski nascido nas bocas fosse cancelado. Se tiver fralda, apaga. Foi chato. Muito chato. Morreu nenen que não foi fácil. Mas o Guri tava no Egito, vivão. Pouco depois Deus achou que o Herodes tava se passando e cassou a licença dele. E mandou passar outro telex para o velho do Guri: “Pode voltar. Segue carta”. Mas o velho foi vivo e em vez de pintar na Judéia — onde o filho de Herodes, outro mauca, reinava — foi para a Galiléia, para uma cidadezinha chamada Nazaré. Ali o Guri cresceu legal. Acabou Rei mesmo, dando o maior Ibope. Aliás, os profetas já tinham dito que o Guri seria chamado “Nazareno”. Naquela época, profeta não dava uma fora! Se tivesse a Loteria Esportiva, já viu, né?

http://pt.scribd.com/doc/7074502/Literatura-Em-Minha-Casa-Contos-Luis-Fernando-Verissimo-O-Santinho

quinta-feira, 21 de abril de 2011

RIO 3D TRAILER DUBLADO - LANÇAMENTO BRASIL



Ontem levei minha amada sobrinha de cinco anos ao cinema. Assistimos ao "Rio".
Entre exclamações infantis (o cinema estava lotado de crianças) e adultos (pais, tios, avós, e avulsos também), presenciamos uma história que possibilita muitos questionamentos (com os pequenos e com os crescidos - não quero usar "grandes" porque é um adjetivo que cabe também às crianças a que me refiro e na acepção mais nobre da palavra). É um enredo que chama a atenção para questões ambientais (a extinção das espécies, o tráfico de animais silvestres), musicais (adorei quando alguma criança comentou "nós aprendemos essa música na escola com a nossa professora" quando acordes de "Mas que nada" embalaram as pessoas no "oba, oba, oba"), sociais (que imagem feia e chata do nosso país aqueles miquinhos reproduzem por aí...), entre tantas outras que podem ser debatidas.
Li que a animação é sucesso de bilheteria no mundo e, em se tratando de uma produção que evidencia o nosso país, acho que deveria ser mais explorada entre as nossas crianças e adolescentes. Bom seria se as escolas levassem seus alunos para assistir ao filme e promovessem debates e trabalhos acerca do aprendido com a história...
Mas mais que a história eu fiquei encantada com as crianças que ali estavam, as reações que elas tinham... Quando o Blu disse assistir ao Animal Planet, minha pequena me segredou "Tia, eu também assisto!!!", com olhinhos arregalados e felizes (ela é uma adoradora de filmes e peças teatrais e não perde uma apresentação ou estreia em sua cidade).

Quem assistiu ao filme (adulto ou criança), o que achou???

domingo, 17 de abril de 2011

O Contador de Histórias - Trailer Final



Uma sugestão extraída da produção cinematográfica nacional.
Assisti ao filme ontem, depois de chegar de uma reunião da escola. A todo momento, o "acaso" ou o "destino" parecem querer confirmar aquilo em que sempre acreditei: educação transforma. Discutimos isso em nosso HTPC ontem, falamos o quanto a sociedade está carente de professores transformadores, que optam pela docência e que a almejam como ideal de vida...
Nosso tema era "Professores Intelectuais Transformadores e a Formação do Aluno Cidadão Crítico".
Então, fui "brindada" com a emocionante história (verídica) do menino Roberto Carlos Ramos, que teve sua vida modificada por alguém que acreditava na educação e no seu poder transformador...


Sinopse
A vida de Roberto Carlos Ramos, um garoto que aos seis anos, por conta de problemas familiares, é neviado por sua mãe para uma recém inaugurada instituição para crianças - a FEBEM. .

Ficha Técnica
Título Original: O Contador de Histórias.
Origem:
Brasil, 2009.
Direção:
Luiz Villaça.
Roteiro:
Mauricio Arruda, José Roberto Torero, Mariana Veríssimo e Luiz Villaça.
Produção:
Francisco Ramalho Jr. e Denise Fraga.
Fotografia:
Lauro Escorel.
Edição:
Umberto Martins e Maria Altberg.
Música:
André Abujamra e Marcio Nigro.

Elenco
Marco Antonio, Paulinho Mendes, Cleiton Santos, Maria de Medeiros, Malu Galli, Ju Colombo, Daniel Henrique da Silva, Ricardo Perpétuo, Matheus de Freitas, Victor Augusto da Silva, Teuda Bara, Jacqueline Obrigon, Luciana Carnieli, Chico Diaz, Paulo Federal, Mauricio Marques, Laerte Mello, Rhena de Faria, Cesar Lopes e Montanha Carvalho.

Site Oficial
http://wwws.br.warnerbros.com/ocontadordehistorias/
Entrevista com o diretor Luiz Villaça
Como surgiu O Contador de Histórias?
Da forma mais doméstica possível. Em janeiro de 2002, coloquei meu filho Nino, então com três anos, para dormir e comecei a ler um livro que ele ganhara de Natal: O Contador de Histórias, de Roberto Carlos Ramos. Era um livro de histórias e na última página encontrei um resumo da vida do autor, de quem nunca tinha ouvido falar. Fiquei completamente tomado. No dia seguinte falei com a Denise, consegui o telefone do Roberto Carlos com a editora e liguei para ele. Quando falei da ideia de fazer um filme, ouvi: “Não estou acreditando. Acabei de chegar de um congresso de contadores de história nos Estados Unidos e alguém da platéia me falou, ‘esta história tem que virar um filme!’. Trouxemos ele para São Paulo e durante algumas horas, diante de um gravador, Roberto Carlos contou a sua história, chorou, nós choramos. Somente depois descobri que ele já tinha estado no programa do Jô e dado uma entrevista histórica. Convoquei o experiente produtor Francisco Ramalho, fomos à luta e por sete anos a ideia de fazer esse filme não saiu da minha cabeça.
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Por que uma demora tão longa?
Por alguns motivos. Primeiro, a captação foi extremamente lenta – depois de cinco, seis anos batalhando e de ouvir tantos ‘não’ até pensei que o projeto não fosse sair. Tivemos muitas dificuldades, em dezembro de 2006 para 2007 quase jogamos a toalha, mas aí as coisas começaram a mudar. Em janeiro ganhamos o edital da Petrobrás, em abril o do governo do Estado de São Paulo. Comecei a achar que era um sinal de Deus que o filme deveria sair do papel e ganhar as telas. Por outro lado, confesso que de alguma forma me boicotei um pouco para chegar ao ponto em que realmente entendi a história que eu queria contar. Apesar da angústia da espera, percebi como o tempo é importante para depurar, chegar ao essencial.

Como foi o desenvolvimento do roteiro?
Foi um longo processo de amadurecimento. Trabalhei com três pessoas: Maurício Arruda, José Roberto Torero e Mariana Veríssimo, roteirista de Cristina quer Casar. Passamos por várias abordagens, tentamos vários caminhos e, ao final, o que prevaleceu foi realmente a motivação do encanto inicial: a relação de Roberto Carlos com a pedagoga francesa e sua formação como contador de histórias. É assim que ele se vê, é assim que ele se define. O roteiro foi depurado nesse sentido: como ele se formou e como usava a fantasia para transformar e conviver com uma realidade muito dura e lidar com frustrações. Desde menino, o exercício da fantasia era essencial para ele aceitar o real. E fizemos questão que esta fantasia tão fértil ocupasse no filme o lugar que teve na vida do menino, com toda sua vitalidade, cores, poesia e humor. Fizemos mais de 20 versões e o que está na tela se aproxima muito da essência que imaginamos ao longo do desenvolvimento do roteiro.

Você pode dar exemplo de uma dessas fantasias?
Há várias. Por exemplo, no primeiro encontro com Margherit, Roberto conta, de forma superfantasiosa que foi parar na Febem depois de um assalto a um banco orquestrado pela mãe e ao lado dos irmãos. Assumimos esse tom transformando aquela família num ‘Jackson Five’. Vestimos a ‘quadrilha’ com roupas super coloridas, perucas black-power da época e imprimimos à cena um tom farsesco. Um dado bonito é que Roberto usou esse assalto para justificar porque a mãe o deixou na Febem: pela sua forma de narrar, ela era a heroína do grupo, foi ela quem armou o assalto, mas na hora deu azar, a polícia chegou e, por isso, ele foi para a instituição.

Agora, com o filme pronto, como você define o ponto essencial da história que você contou?
A capacidade de transformação. E essa possibilidade é decorrente de um encontro – do menino de 13 anos da Febem com uma pedagoga francesa, Margherit Duvas, que resolveu não aceitar o diagnóstico de ‘caso irrecuperável’ concedido ao menino pela instituição. No caso de Roberto Carlos, a transformação decorre também da sua capacidade contar histórias – e assim ele conseguiu mudar a própria vida. Ao criar tantas histórias, acabou criando a sua própria história. Eu também sou um apaixonado por histórias e um apaixonado pelo Brasil. A sabedoria do povo brasileiro me encanta, a forma tão especial que certas pessoas têm de contar o maior drama de vida, de transformar a própria história. Não foi por acaso que contei a história de 200 mulheres em Retratos Brasileiros ao longo de cinco anos. Sem dúvida, dirigir esses relatos foi um aprendizado precioso para o filme.

Roberto Carlos é interpretado por três não-atores – Marco Antonio Ribeiro (aos seis anos), Paulo Henrique Mendes , (aos treze) e Cleiton dos Santos da Silva, aos 20 anos. Como foi feita essa seleção?Há mais de 100 crianças no filme – e todas, não só os atores principais, foram escolhidos a dedo, ao longo de uma pesquisa de seis meses por comunidades carentes, ONGs, grupos de dança e teatro de Belo Horizonte, sob coordenação de Lais Corrêa. Foram realizados laboratórios com todas as crianças e ela tomou um grande cuidado para não frustrar os não-escolhidos e valorizou sempre que aquele trabalho já era importante. Um dia ela me telefonou e disse: acho que já temos o Roberto de seis anos. Fui a Belo Horizonte, bati o olho no Marco Antonio e não tive dúvida – era ele. A escolha de Paulo Henrique, de 13 anos, também foi conjunta. Não foi uma escolha fácil, tivemos muitas dúvidas, foi um trabalho danado.

E como foi trabalhar com esse elenco de não-profissionais?
Com Bolinha, que é como chamávamos Marco Antonio, de sete anos, desenvolvemos uma relação tão intensa que beirava o amor e o ódio. Ele é extremamente inteligente, tem muita personalidade, mas com criança não funciona técnica funciona a relação. Conversávamos, passeávamos, brigávamos. Eu falava para a Lais: “Estou tratando ele como trato meu filho”, ou seja, tínhamos uma convivência real, com afeto, com briga, com entendimento. Devido à minha formação em montagem e por não gostar de vídeo assist – prefiro assistir à filmagem –, de certa forma eu agia como o interlocutor do Bolinha: ele geralmente atuava para mim. Foi esse o nosso ‘método’.

E com Paulo Henrique?
Com Paulo Henrique, por ser mais velho e ter uma grande capacidade de concentração, as coisas fluíram muito bem. Ele realmente entendeu o papel e também teve uma ótima relação com a Maria de Medeiros. Nos dois casos, posso dizer que a relação fora de cena foi responsável por 90% do filme. Tivemos um set muito concentrado – quando as filmagens terminavam, se brincava, mas o clima de trabalho era de concentração total. E as pessoas também foram se conhecendo no decorrer das filmagens. Tentei, na medida do possível, filmar com certa cronologia, para colocar os meninos mais dentro das situações e da evolução dos personagens. As cenas da casa, por exemplo, do contato com Margherit, foram todas filmadas em ordem cronológica, que culminam com a casa inundada. No caso de Paulo Henrique teve uma coincidência muito bonita: no filme, Margherit lê para Roberto Carlos Vinte Mil Léguas Submarinas. Ele se apaixona pela história e ela decide levá-lo para conhecer o mar. Paulo Henrique, como Roberto Carlos, também nunca tinha visto o mar, sua reação gerou muita expectativa e foi emocionante. Com não-atores a intuição vale muito – você tem que trabalhar com o que acontece na hora, com o clima do momento.

A corrida para o mar, aliás, é uma clara citação de Os Incompreendidos, de François Truffaut.
Sem dúvida – é o meu beijo para Truffaut. Em uma fase da minha vida vi Os Incompreendidos todos os dias. Tenho duas grandes paixões em cinema: o neo-realismo italiano e Truffaut.

E como você chegou a Maria de Medeiros?
Precisávamos de uma atriz que falasse português e francês e Maria de Medeiros foi o primeiro nome que me veio. Ramalho botou pilha para tentarmos, fizemos um contato, mandei o roteiro e para minha surpresa ela respondeu rapidamente - e mais – empolgada com o projeto. Poderíamos ter buscado uma atriz brasileira para o papel, mas achávamos necessário esse olhar estrangeiro. Maria é apaixonada pelo Brasil, já tinha estado aqui algumas vezes, inclusive com um show em que canta Chico Buarque. Fui para Paris encontrá-la e descobri uma atriz digna da música ‘Se Todos Fossem Iguais a Vocês’. Desde a primeira leitura, ela demonstrou uma noção absoluta do roteiro e da personagem. E ainda se deu ao luxo de perguntar se eu queria que ela lesse com sotaque do Brasil ou de Portugal. Ela é, de fato, muito encantada com o jeito e com a criatividade do brasileiro. Ela vive na França há 15 anos e representa o real entusiasmo do francês com o Brasil.

E como se deu o corpo-a-corpo de uma atriz de tantos recursos com não-atores em uma história de dificuldades de relação e de culturas tão diferentes?A dedicação de Maria ao papel, a relação com os meninos, a entrega total à personagem e ao projeto foi uma experiência comovente. Ela não atuou apenas – foi uma incorporação total. Eu diria que ninguém entendeu tanto o roteiro quanto ela, que o humanismo e a delicadeza que ela retrata na composição de Margherit não é só da personagem – é da própria Maria. Ela entendeu tudo tão bem, a nossa relação foi tão simples, que muitas vezes a direção era pelo olho. Ela realmente aderiu à história de Roberto Carlos e tem uma veia clownesca muito comovente. Fiquei muito orgulhoso quando ela disse que nunca trabalhou numa produção em que tudo funcionasse tão bem. Curiosamente, ela é muito parecida com a Denise, as duas se entenderam super bem e vivem fazendo planos de um dia fazer uma espécie de Thelma e Louise. Só estou esperando o que pode vir por aí.

O cinema brasileiro já mostrou meninos como Fernando Ramos da Silva (o ator de Pixote, de Hector Babenco, morto pela polícia aos 19 anos), ou Sandro, o seqüestrador do ônibus 174, primeiro em documentário e depois na ficção. Meninos que, como tantos outros, apesar de algumas oportunidades não conseguiram escapar de um final trágico. Qual a diferença entre eles e Roberto Carlos?Também me detive sobre essa questão, consultei muita gente e a maior parte dos textos e dos especialistas bate na mesma tecla: o maior diferencial de Roberto Carlos foi ter tido uma boa formação e um convívio familiar até os seis anos de idade. Alguma coisa acontecia na casa dele que permitiu, mais tarde, a transformação. E essa transformação só foi possível por causa da mola afetiva representada pela Margherit. Um dado muito bonito é que ele foi viver no outro lado do mundo e ao retornar recebeu de Margherit uma coisa fundamental para sua vida: o
endereço da mãe, que ele pode reencontrar em outras circunstâncias e até ajudá-la.

Como você se aproximou do universo institucional em que Roberto Carlos cresceu?
Fizemos uma ampla pesquisa, conversamos com psicólogos, gente que trabalhou na Febem, com outros meninos. Na verdade, todo o discurso de Pérola (Malu Galli) é uma síntese do pensamento oficial da Febem. Muitas pessoas, como ela, de fato quiseram e querem ajudar, mas as condições são extremamente difíceis. Procuramos ser fiéis à realidade da instituição e da época.

O Contador de Histórias tem vários planos e camadas – a origem de Roberto Carlos, a instituição, as ruas da cidade, a casa de Margherit. E muitas das ações nesses espaços são ilustradas pelas cenas líricas e poéticas criadas pela imaginação do ‘menino irrecuperável’. Como foi desenvolvido o conceito estético do filme?O conceito estético foi desenvolvido em um forte espírito de equipe: a fotografia de Lauro Escorel, a direção de arte de Valdy Lopes JN, os figurinos de Cássio Brasil, a maquiagem de Simone Batata. Começamos a nos reunir em outubro e começamos a filmar em maio, o que permitiu um grande amadurecimento de idéias. Parte do filme é de época – retrata Belo Horizonte dos anos 70 e 80 - o que impunha uma estética precisa para a cidade. Já as fantasias de Roberto Carlos -sua visão da favela, a chegada à instituição, a forma como via Cabelinho, o chefe da gangue de rua, foram em boa parte inspiradas na obra do Bispo do Rosário, que também criou um mundo próprio a partir o material que coletava e transformava. O hipopótamo de couro azul remendado, por exemplo, é uma referência ao manto do mendigo do Bispo do Rosário. Queríamos mostrar que as fantasias do menino eram realmente o mundo em que vivia. E a equipe trabalhou duro para juntar essas duas partes: a Belo Horizonte da época e o mundo imaginário de Roberto Carlos.

Você diria que filmar o percurso de Roberto Carlos representava um fio da navalha, no sentido de não cair, por um lado, na exploração da questão da violência institucional, e por outro, no sentimentalismo que poderia surgir do encontro com a pedagoga francesa?
Sem dúvida, e tomei muito cuidado nesses dois aspectos. De forma nenhuma eu quis me deter na questão institucional porque o grande filme sobre o tema já foi feito – Pixote. O Contador de Histórias é mais um filme sobre relações humanas do que um relato sobre uma instituição. Para mim, o maior risco era escorregar na emoção, na pieguice. E me policiei muito nesse sentido a ponto de, durante a filmagem e a montagem, cheguei a pensar em não usar música, reduzida, ao final, ao essencial. André Abujamra, que criou uma trilha maravilhosa, reclamava: ‘Você é muito anticlimax’. Eu respondia: “A trilha só entra se for realmente necessária”. Esse anticlímax foi uma referência de abordagem. Não tenho medo de me emocionar nem de emocionar, mas queria que o filme tivesse o tom exato. Segurar a emoção foi sem dúvida a parte mais difícil. Chorei muito durante as filmagens e brincava com a Denise dizendo que eu nunca tinha chorado tanto na minha vida.

Os excluídos sociais têm sido tema de várias produções recentes, algumas bastante polêmicas, como Cidade de Deus, Tropa de Elite, Última Parada 174, Linha de Passe. O Contador de Histórias vai na contramão de filmes que apontam a falta de saída, um fatalismo. O seu filme, ao contrário, acredita na possibilidade de transformação.

Admiro esses filmes, mas assumo que O Contador de Histórias caminha na contramão, assim como assumo meu otimismo em relação ao futuro. Me considero uma espécie de Margherit, no sentido de navegar contra o fatalismo. Acredito que há luz no fim do túnel. Se não acreditasse, não veria sentido em fazer filmes. Não acho que O Contador de Histórias mostra apenas uma trajetória fadada ao fracasso com um final feliz. Para mim, esse é apenas um entre muitos outros exemplos bem-sucedidos. É só a gente se mexer, se comprometer, ser mais generoso, aprender. Meu filho está numa escola que tem como lema a formação de cidadãos, não apenas de pessoas. Tenho dois filhos pequenos e Denise e eu queremos formar cidadãos para que possam atuar na sociedade. Esperamos que o filme consiga, em algum nível, exercer o efeito transformador que Roberto Carlos teve a chance de vivenciar.

A trajetória de Roberto Carlos também passa por elipses – a relação com a mãe, a permanência dele na França. Como foram tomadas essas decisões?
Na história real houve uma ruptura com a mãe, como o filme mostra: ela deixou de visitá-lo e algumas vezes, quando ia, ele tinha fugido, depois ele não voltou mais para casa. Esse afastamento foi real. Quando ele vai para a França achei que a história estava contada.

A parte mais bonita da história de Roberto Carlos é que a história continua.
Certamente. O Contador de Histórias não narra apenas uma vida transformada pelo afeto, mas também que essa transformação continua, ou seja, Roberto Carlos é um ‘militante’ da pedagogia, tem uma casa onde vive com vários meninos de rua adotados. E assim como sua vida foi transformada, ele também transforma a vida de outros meninos.

E você acredita no cinema como possibilidade de transformação?
Acredito. A minha vida, sem dúvida, foi mudada pelo cinema. Aliás, continua a mudar. O cinema muda a vida e a arte de sonhar. E quando se lida com histórias de transformações possíveis, o sonho é ainda mais bonito.

O Contador de Histórias é seu terceiro longa-metragem, depois de Por trás do Pano e Cristina quer Casar - três filmes muito diferentes. O que eles teriam em comum?

O meu prazer de contar histórias – é assim que eu me considero. E contar a história de um contador de histórias como Roberto Carlos Ramos foi absolutamente encantador.


Crítica
Se o título de O Contador de Histórias fosse “Roberto Carlos Ramos é um brasileiro e brasileiro não desiste nunca”, não só caberia como uma luva como também seria brilhante para ilustrar a bela história de vida na qual foi baseada esta produção mineira.
Dirigido por Luiz Villaça (Cristina Quer Casar), a produção vai além de contar uma boa história com um final feliz. Partindo princípio que o que importa é a viagem, e não o destino, o filme é bastante feliz ao misturar à história, elementos lúdicos e animações, como se realmente transpusesse para a tela as observações sinceras de uma criança em vias de perder a inocência.
Contrapondo aspectos trágicos da trajetória de Roberto com pequenas lições de vidas aprendidas em momentos singelos, Villaça conduz um drama nitidamente otimista sem deixar de lado nuances violentas da vida nas ruas ou mesmo questões sociais sobre as responsabilidades da família ou do próprio Estado na formação educacional de uma criança.
Como bom contador de histórias que é – Roberto Carlos Ramos é considerado um dos dez maiores contadores de histórias do mundo – a escolha acertada em utilizar a sua voz para dar vida à sua própria história na tela faz com que, desde o primeiro momento, o espectador se torne íntimo do seu drama pessoal. Ainda que seja a sua vida na tela, o filme não se propõe a ser “chapa branca” ou a pintar Roberto como um modelo perfeito de conduta.
Em suas recusas em receber ajuda, por exemplo, Roberto reflete uma grande parcela de menores abandonados que, muitas vezes, tendo em mente maus tratos ou uma possível perda de liberdade, abrem mão de oportunidades educacionais ou de crescimento, ainda que estas se mostrem precárias ou cercadas de possibilidades de caráter duvidoso.
Da mesma forma, não isenta de culpa o Estado e a sua formação em caráter quantitativa, preocupada mera e simplesmente em aumentar suas estatísticas positivas do que formar cidadãos respeitáveis. Ao confrontar sua ineficácia, com a ausência completa da formação familiar, deixa claro que esta é uma tese ou uma ciência tão incerta quanto qualquer previsão do destino. Todos têm a sua parcela de culpa. Nenhuma das partes é completamente isenta, mas nenhuma das partes é a única peça-chave para resolução do problema.
Um dos pontos fortes da produção é a atuação de Maria de Medeiros (O Xangô de Baker Street). No papel da professora francesa Margherit, ela não só convence como também serve de contraponto perfeito para a transformação ocorrida com Roberto ao longo de sua infância. Mais do que colocar em prática a sua tese educacional utilizando o jovem como “cobaia” de sua experiência, Margherit cria laços afetivos com o garoto a cada sequência, permitindo que sua interferência na vida dele passe de mero instrumento pedagógico para efetivamente o suporte familiar ideal que, possivelmente, Roberto não viesse a ter em sua família de origem.
Com uma produção esmerada e, ainda que com um excesso de violência – real, porém desnecessária – em algumas cenas, Villaça constrói um drama seguro do ponto de vista da direção e agradável do ponto de vista do espectador, proporcionando momentos de reflexão sobre o sistema ao mesmo tempo em que deixa claro seu ponto de vista otimista, num filme simpático que vale a pena ser conferido.
Wikerson Landim - wikerson@portaldecinema.com.br

Disponível em: http://www.portaldecinema.com.br/Filmes/o_contador_de_historias.htm; acesso: 17/04/2011

sábado, 16 de abril de 2011

Competências e Habilidades - Parte II

(continuação)

Vasco Moretto aponta cinco recursos para resolução de situações complexas:
a) o conhecimento de conteúdos relacionados à situação; b) as habilidades (saber fazer) para resolver a situação; c) o domínio das linguagens específicas relacionadas ao contexto; d) a compreensão dos valores culturais que dão sentido à linguagem e que torna a situação relevante no contexto, e e) a capacidade da administração do emocional diante do problema.

E as diretrizes do MEC explicitam 5 competências: 
  • domínio de linguagens
  • compreensão de fenômenos
  • construção de argumentações
  • solução de problemas
  • e elaboração de propostas
OUTRAS VISÕES DE COMPETÊNCIA:
- A competência é o que o aluno aprende. Não o que você ensina. Jamil Cury/CNEB
- Competência é a capacidade de mobilizar conhecimentos, valores e decisões para agir de modo pertinente numa determinada situação. Competências e habilidades pertencem à mesma família. A diferença entre elas é determinada pelo contexto Em resumo: a competência só pode ser constituída na prática. Guiomar Namo de Mello
- Competência -"qualidades de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos". Ela significa ainda habilidade, aptidão, idoneidade. Muitos conceitos estão presentes nessa definição: competente é aquele que julga, avalia e pondera; acha a solução e decide, depois de examinar e discutir determinada situação, de forma conveniente e adequada. É ainda quem tem capacidade resultante de conhecimentos adquiridos. Dicionário Aurélio
- Competência em educação é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos - como saberes, habilidades e informações - para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Philippe Perrenoud
- Competência é mais do que um conhecimento; Ela pode ser explicada como um saber que se traduz na tomada de decisões, na capacidade de avaliar e julgar. Lino de Macedo
- Conceito de competência, já claramente exposto nas Diretrizes e bem repetido aqui pelo Professor Cordão, envolve muito mais que acumular conhecimento, desenvolver habilidades e introjetar valores. O sentido é muito importante: não é uma soma de valores, de conhecimentos, de habilidades. É a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação esses componentes, para um desempenho eficiente e eficaz. Então, valores, conhecimentos e habilidades são componentes que, por si sós, não são a competência. Bahij Amin Aur - Conselho Estadual de Educação de SP
- Competência: "o saber em acção" ou "o agir em situação". DEB (2001): Currículo nacional do Ensino Básico Competências Essenciais; Ministério da Educação, Departamento da Educação Básica, Lisboa.
- A idéia de competências tem três ingredientes básicos. Primeiro: relaciona-se diretamente à idéia de pessoa. Você não pode dizer que um computador é competente; competente é o seu usuário, uma pessoa. Segundo: a competência vincula-se à idéia de mobilização, ou seja, a capacidade de se mobilizar o que se sabe para realizar o que se busca. É um saber em ação. Aliás, da má compreensão deste aspecto vem outra crítica, a de competência como mero saber fazer algo. Agir é mais do que fazer. Nilson Machado
- Um conceito de competência pode ser apresentado como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes demonstrados pela pessoa na realização de uma tarefa. Dizemos que somos competentes numa atividade quando esse conjunto de comportamentos apresentados resulta no sucesso para a realização daquela atividade. Harber
- Competências se desenvolvem em um contexto. Aprender, fazendo, o que não se sabe fazer. Philippe Meirieu

Para pensar:
- A quem compete facilitar o desenvolvimento de competências ?
- O que é ser competente ?
- Nós queremos desenvolver competências sob que ótica: a do capital, a do saber escolar, a da vida?
- Quais as grandes mudanças por parte do professor e do aluno no ensino atual e no ensino para competência?
- A competência valoriza o profissional?
- O que o aluno ganha com isto?

Bibliografia:
BRASIL, MEC. Em Aberto (Currículo: referenciais e tendências). INEP, Brasília, N.º 58, abril/jun. 1993.
COLL, César et alii. Os Conteúdos na Reforma: ensino e aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes, Porto Alegre, Artes Médicas, 1998
JANTSCH, A. P. e BIANCHETTI, L. (Orgs). Interdisciplinaridade. Rio de Janeiro, Vozes, 1995.
MORETTO, Vasco P. Construtivismo, a produção do conhecimento em aula. 3ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
MORIN, Edgar. Sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cotez,2000.
PERRENOUD, Philipe. Construir as competências desde a escola, Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
____________. Dez novas competências para ensinar, Porto Alegre, Artes Médicas, 1999.
REVISTA NOVA ESCOLA. Edições diversas.


Competências e Habilidades - Parte I

Saber e Fazer .... Competências e Habilidades ?!?
Thereza Bordoni Mestre em educação. Consultora do Projeto Linha Direta. Diretora da A&B Consultoria e Desenvolvimento e do site http://www.vaganaescola.com.br/. Palestrante. Contato: mailto:tbordoni@vaganaescola.com.br?Subject=Artigo%20publicado%20-%20Pedago%20Brasil . Fone: (31) 91849405.

O termo competência tem recebido vários significados ao longo do tempo. Percebo que em certos momentos algumas palavras assumem o significado de paradigma, e isto tem ocorrido com as palavras: competências e habilidades, apesar de que atualmente parece haver uma idéia comum de competência.
Mesmo assim, sinto que precisamos ainda, clarear o real significado de termos tão usados por nós educadores. Me vêem a mente algumas questões como:
Devemos dizer educar para competências ou educar por competências? A expressão "habilidades e competências", que sentido tem? Afinal que significado têm estas palavras?
Se observarmos o funcionamento das estruturas intrínsecas do processo educacional como um todo, perceberemos que a organização escolar estrutura-se em função das respostas dadas a estas perguntas, isto é, em torno da idéia da formação do sujeito para resolver situações-problemas do dia-a-dia, que envolvem diferentes graus de complexidade.

Estudiosos contemporâneos, afirmam, que as transformações pelas quais a sociedade está passando, estão criando uma nova cultura e modificando as formas de produção e apropriação dos saberes. Por isto competências e habilidades ganharam destaque nos debates atuais, pois fazem referências simultâneas ao cotidiano social e educacional.
Segundo o professor Vasco Moretto, um dos sentidos de competência aflora na utilização da palavra no senso comum quando utilizamos expressões como "vou procurar um dentista, mas quero que seja competente", ou "meu irmão é um pianista competente". Todas elas têm o mesmo sentido: uma pessoa é competente quando tem os recursos para realizar bem uma determinada tarefa. A expressão isolada "fulano é competente" não tem muito sentido, provocando outra pergunta: "competente para fazer o quê?" Poderíamos dizer que Ronaldinho ( jogar de futebol) é mais, ou menos competente que Guga (tenista) ?
Vislumbrando as varias acepções de competências, parece-me mais lógico o conceito de competência relacionado à capacidade de bem realizar uma tarefa, ou seja, de resolver uma situação complexa. Para isso, o sujeito deverá ter disponíveis os recursos necessários para serem mobilizados com vistas a resolver a situação na hora em que ela se apresente. Educar para competências é, então, ajudar o sujeito a adquirir e desenvolver as condições e/ou recursos que deverão ser mobilizados para resolver a situação complexa. "Assim, educar alguém para ser um pianista competente é criar as condições para que ela adquira os conhecimentos, as habilidades, as linguagens, os valores culturais e os emocionais relacionados à atividade específica de tocar piano muito bem" (Moretto).
A competência é "portátil", por si só não é amarrada, tem de ter flexibilidade. Nesta analise, a idéia de competência é: "como me viro diante de uma situação complexa? A pessoa que realmente adquiriu uma competência tem condições de resolver este tipo de situação com criatividade. Assim, a metodologia com relação a competências precisa dar conta de situações novas. O trabalho em grupo e a pedagogia de projetos estão se destacando como facilitadores para uma nova metodologia. Porem, nem o professor nem o aluno estão preparados para trabalhar com a pedagogia de projetos. Para os educadores o entrave é trabalhar com as deficiências que os alunos trazem, independentemente do que eles têm de saber; Outra dificuldade que nós educadores temos é a de não termos sido educados para isso. Repetimos na nossa ação o modelo pelo qual fomos educados. A excessiva ênfase na compartimentalização em disciplinas é uma das coisas que dificultam o desenvolvimento de competências. Tanto o ensino fundamental quanto o médio têm tradição conteudista. Na hora de falar de competência mais ampla, carrega-se no conteúdo. Não estamos conseguindo separar a idéia de competência de conteúdos, a escola traz para os alunos respostas para perguntas que eles não fizeram: o resultado é o desinteresse; As perguntas são mais importantes que as respostas.
Em decorrência, será necessário também uma mudança no conceito do que é ensinar. O professor é um elemento chave na organização das situações de aprendizagem, pois compete-lhe dar condições para que o aluno "aprenda a aprender", desenvolvendo situações de aprendizagens diferenciadas, estimulando a articulação entre saberes e competências. Em lugar de continuar a decorar conteúdos, o aluno passará a exercitar habilidades, e através delas, a aquisição de grandes competências ou seja desenvolvendo habilidades através dos conteúdos. Caberia então aos professores mediar a construção do processo de conceituação a ser apropriado pelos alunos, buscando a promoção da aprendizagem e desenvolvendo condições para que eles participem da nova sociedade do conhecimento.

Neste contexto definimos o papel do educador: aquele que prepara as melhores condições para o desenvolvimento de competências, isto é, aquele que, em sua atividade, não apenas transmite informações isoladas, mas apresenta conhecimentos contextualizados, usa estratégias para o desenvolvimento de habilidades específicas, utiliza linguagem adequada e contextualizada, respeita valores culturais e ajuda a administrar o emocional do aprendiz. E o ato de ensinar como o processo que proporciona a aquisição de recursos que possam ser mobilizados no momento em que situações-problema se apresentem.
Poderíamos dizer que uma competência permite a mobilização de conhecimentos para que se possa enfrentar uma determinada situação, uma capacidade de encontrar vários recursos, no momento e na forma adequadas. A competência implica uma mobilização dos conhecimentos e esquemas que se possui para desenvolver respostas inéditas, criativas, eficazes para problemas novos.
O conceito de habilidade também varia de autor para autor. As habilidades são inseparáveis da ação, mas exigem domínio de conhecimentos. As competências pressupõem operações mentais, capacidades para usar as habilidades, emprego de atitudes, adequadas à realização de tarefas e conhecimentos. Desta forma as habilidades estão relacionadas ao saber fazer. Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades.
Sabemos que é necessário educar para competências, mas como fazê-lo ?
Torna-se necessária uma revisão daquilo que é desenvolvido em sala de aula, através da contextualização e da interdisciplinaridade. Ou seja, conteúdos impregnados da realidade do aluno demarcam o significado pedagógico da contextualização e a intercalação dos diversos conteúdos dentro de uma mesma disciplina explicita a interdisciplinaridades. Isto imprime significados e relevância aos conteúdos escolares favorecendo uma ruptura com as práticas tradicionais e o avançar em direção a uma "educação competente", pluralista, em rede, harmônica, flexível, aberta e processual.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A escrita na Ed. Infantil

"Nenhuma criança chega à escola ignorando totalmente a língua escrita. Elas não aprendem porque vêem e escutam ou por ter lápis e papel à disposição, e sim porque trabalham cognitivamente com o que o meio lhes oferece."
"Para aprender a ler e a escrever é preciso apropriar-se desse conhecimento, através da reconstrução do modo como ele é produzido. Isto é, é preciso reinventar a escrita."
"Um dos maiores danos que se pode fazer a uma criança é levá-la a perder a confiança em sua própria capacidade de pensar."
( Fragmentos de textos extraidos da obra: Emilia Ferreiro - Reflexões sobre Alfabetização)
22ª edição - Cortez Editora






                                                                           Pré II - 5 anos

Emilia Ferreiro, psicológa e pesquisadora argentina, radicada no México, fez seu doutorado na Universidade de Genebra, sob a orientação de Jean Piaget.



quarta-feira, 13 de abril de 2011

Projeto Animais Selvagens

O início do projeto é a visita ao Zoológico de Bauru.
O contato direto com o objeto de estudo estimula a curiosidade e aguça o interesse em saber mais.
Os objetivos desse projeto são:
1- Respeitar e preservar a natureza;
2- Respeitar e identificar alguns animais e sua importância na natureza.









A matemática na Ed. Infantil




 Uma criança ativa e curiosa não aprende Matemática memorizando, repetindo e exercitando, mas resolvendo situações-problema, enfrentando obstáculos cognitivos e utilizando os conhecimentos que sejam frutos de sua inserção familiar e social. Ao propor atividades numéricas, como encorajar as crianças a pensar sobre os números e interagir com seus colegas o professor coloca as crianças diante de conflitos.Por isso acreditamos que é com o uso do número, da análise e da reflexão sobre o sistema de numeração que os pequenos constroem conhecimentos a esse respeito.

domingo, 10 de abril de 2011

Tema: Liderança

http://dinheiro.br.msn.com/fotos/galeria-de-fotos.aspx?cp-documentid=28304078

Leiam a matéria indicada acima... Está na página principal do MSN Hoje... Também está relacionada ao tema cujo debate iniciamos nas aulas de sexta...
Opinem depois...
Andréa

Educação & Trabalho - 1ª Parte



Após assistir ao vídeo, responda: o que você julga indispensável para o profissional do mundo globalizado? Aguardo os comentários...
Andréa

As pessoas nascem ou tornam-se líderes?

As pessoas nascem líderes ou tornam-se? - by Max Gehringer

2009-10-13 2:31 PM by Andarilho
Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 13/10/2009, sobre a origem da liderança como a condução de pessoas por um caminho.
Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

As pessoas nascem líderes ou tornam-se?

"É provável", escreve um ouvinte, "que você já tenha respondido a esta pergunta umas 50 vezes. Líder nasce líder ou se torna líder? É que a minha empresa vai iniciar um curso de formação de lideranças e eu fui inscrito nele. Mas acho que não sou líder e não tenho vontade de ser."

Vamos lá. Primeiro, eu sugiro que você faça o curso e tente entender se de fato, você não tem mesmo qualquer cacoete de liderança. Se você tiver, o curso ajudará você a descobrir e a aperfeiçoar esta aptdidão.

Mas vamos começar voltando mil anos no tempo. A palavra moderna líder derivou da antiga palavra germânica ladan*, que significava condutor. Os primitivos líderes eram guias, que conduziam grupos de pessoas a pé, de um povoado para outro, através de trilhas sinuosas e perigosas.

E o que se esperava daqueles primeiros líderes, já naquela época, era definido de uma maneira exemplar. O líder é responsável por todos e por cada um. Com minhas desculpas aos ouvidos mais sensíveis pelo "porcada" da frase.

Isso quer dizer que o líder precisava não apenas conhecer o caminho, mas também, e principalmente, precisava conhecer as pessoas que caminhariam sob seu comando.

Cabia a ele orientar o grupo para que todos marchassem no ritmo correto, sem desperdiçar tempo. Mas, ao mesmo tempo em que o líder incentivava os mais vagarosos, ele também não podia forçar demais o passo, para não provocar um cansaço desnecessário em qualquer um dos andarilhos, porque se isso acontecesse, o grupo inteiro teria que parar.

O líder era, e continua sendo até hoje, aquele que conduz um grupo em direção a um objetivo, mas prestando atenção às necessidades individuais de cada um dos componentes do grupo.

Como se vê, liderar não é uma tarefa tão complicada quanto parece.

Mas, se o nosso ouvinte não quer ser um condutor de pessoas, também não há nenhum problema. Em alemão, a palavra para condutor é führer, o apelido que foi dado ao ditador Hitler. E em italiano, condutor é duce, o apelido que foi dado ao ditador Mussolini. Dois líderes que desgraçaram a palavra liderança.

Para consolo de nosso ouvinte, que parece satisfeito em ser um bom seguidor e não um condutor, a história mostra que nem todo mundo que é bom, é lider. E nem todo mundo que é lider, é bom.

Max Gehringer, para CBN.

* Nota: Eu transcrevi como entendi da fala, mas não acho que está correto. Provavelmente é algo como faran.


Hora de opinar... Vocês acham que liderança é algo que nasce com a pessoa ou pode ser aprendida?
Aguardo comentários.
Andréa

Max Gehringer e os 10 erros de um chefe



"Meu nome é Mariana. Na semana que vem, passarei a chefiar um setor com 8 funcionários que são meus atuais colegas. Como eu nunca fui chefe na vida, estou em dúvida se devo continuar a ser como sempre fui ou se devo mudar alguma coisa."Cara Mariana, vou lhe dar uma lista dos 10 erros que um chefe pode cometer. Basta você fazer o contrário e tudo dará certo.

Primeiro erro: má comunicação. É um chefe não dizer exatamente o que ele quer e depois reclamar que o subordinado não fez o que ele queria e como ele queria.

Segundo: não elogiar. Se um chefe não sabe reconhecer um trabalho bem feito, o subordinado não terá estímulo para fazer melhor ainda.

Terceiro: criar um ambiente de desconfiança. Isso acontece quando o chefe critica um subordinado para outro subordinado, ao invés de falar diretamente.

Quarto: não defender os subordinados. Chefes devem ser um escudo para o seu pessoal. E não um cúmplice das críticas alheias.

Quinto: prometer o que não pode cumprir. Muitas vezes, para incentivar os subordinados, os chefes fazem promessas que dependerão de aprovação superior.

Sexto: não cumprir o que prometeu. Quando o chefe esquece o que falou, o subordinado deixa de acreditar em novas promessas.

Sétimo: aceitar bajulação. Chefes que apreciam puxa-sacos perdem o respeito do resto dos subordinados.

Oitavo: falta de educação. Chefes que tratam os subordinados na base do grito, ou da ofensa, não estão mostrando poder. Estão demonstrando insegurança.

Nono: fugir da responsabilidade. É empurrar um problema com a barriga ao invés de dar uma resposta clara para um subordinado.

Décimo e pior de todos: soberba. Achar que por ser chefe virou deus. O chefe é apenas um igual que tem um título, temporário e provisório.

Decore essa lista, cara Mariana. Porque ela já está na cabeça de todos os seus subordinados.

Max Gehringer, para CBN.

Tema: gestão democrática e o mundo corporativo

Olá, pessoal do Ensino Médio.
Segue, abaixo, sugestão de leitura publicada hoje no jornal Folha da Região. Diz respeito ao tema que começamos a discutir nas aulas de sexta...

Empresas mudam perfil e se tornam progressistas

Aline Galcino
Domingo - 10/04/2011 - 06h07
Dinheiro em caixa. Essa é a busca de todo empresário engajado nos negócios. Funcionário feliz, cliente satisfeito e dinheiro em caixa. Esse é o resultado alcançado pelas empresas progressistas, também chamadas de metanoicas. Na região, 20 empresas já aderiram ao processo.
O nome pode ser estranho, mas o processo de aprendizagem é fácil e o resultados são rápidos. No lugar do autoritarismo, tradicional na maioria das empresas, o modelo participativo impera. As regras de mercado ficam da porta para fora. No espaço físico do trabalho, só as regras daquela empresa. Fácil? Os metanoicos dizem que não, mas possível.

Quem é assinante pode ler, na versão on-line, o texto na íntegra.
A matéria é bem interessante, há muito do que foi discutido em sala, principalmente pelos alunos do segundo ano.
Espero que o tema possibilite muitas discussões.

Abraços,
Andréa

domingo, 3 de abril de 2011

"FRONT OF THE CLASS"


FICHA TÉCNICA



Título Original: Front of the Class
Ano de lançamento:2008
Tema: Síndrome de Tourette


Sinopse: Drama familiar sobre um homem com síndrome de Tourette que desafia a todos a se tornar um excelente professor. Inspirado em uma história verdadeira.

Já li em algum livro que devamos abandonar a ideia do lecionar como um dom. A docência é aprendida, segundo o lido. Há, no entanto, uma ideia da qual não me desvencilho: a opção pela docência pode refletir a importância que os nossos professores tiveram na nossa história. Segundo essa minha concepção, guardamos conosco os modelos do que julgamos "bons professores" e tentamos, em nosso próprio percurso profissional, repetir as lições aprendidas com os que julgamos "grandes mestres".
Um grande mestre não precisa ter uma titulação concedida em decorrência de um mestrado ou doutorado. Um grande mestre torna-se paradigma porque modifica uma existência, em dada passagem, ajuda a descobrir sentidos, colabora para a autodescoberta de talentos, orienta para além dos livros, não enxerga limites para o aprendizado dos seus alunos. Um grande mestre vai além... Ele é levado para a vida...
Todos nós, em qualquer idade, somos marcados por um, ou por muitos, grandes educadores. Sorte dos que encontraram esse tipo em várias instâncias de sua formação. Um bom educador é um "produto escasso no mercado educacional"...
Tenho comigo que, infelizmente, a sociedade tem sido conformista demais com a raridade do bom educador na vida dos filhos. Se não há o excelente, aceita-se o bom. Se falta o bom, que venha o mediano. Se nem o mediano é encontrado, contenta-se com o ruim. Se nem o ruim se tem, finge-se que o péssimo supre as necessidades de aprendizado das nossas crianças e jovens...
Assusta-me a ideia de professores que não estudam, que acham livros caros, que não leem, que não desenvolvem o hábito de escrever, que copiam mais suas aulas de livros e "manuais" do que as constroem. Deixa-me horrorizada a ideia de professores que sabem mais sobre as últimas tendências da moda e o resultado do futebol do que das concepções que norteiam sua área de atuação...
A docência talvez seja a atividade profissional que mais diretamente atue sobre vidas. E o que fazemos dessas vidas com as quais temos contato diário? Responsabilizamo-nos pelos reflexos positivos e também pelas lacunas que poderemos deixar? Quando adentramos nossas salas de aula, como enxergamos esse espaço? Permitimos que nele habitem nossos sonhos também? Porque o bom educador, apesar de todos os problemas com os quais convive, não abdica de seus ideais e, por eles, permanece na luta diária de se fazer significar.
O bom educador não precisa ser "bonzinho", não precisa ser "show-man" ou "show-woman", não precisa levar para a sala um mundo de coisas, mas obrigatoriamente não pode deixar de levar as coisas do mundo... Há que, indiscutivelmente, fazer o seu conteúdo ser percebido na notícia do jornal, no filme em cartaz no cinema, nas páginas do livro lido, no capítulo da novela, nos acontecimentos do país e também dos outros países, na hora do intervalo da escola, nas relações com as pessoas.
Esse tipo de que trato aprende junto com seus alunos muitas lições. Não precisa e nem deve ser o "supra-sumo" do saber sempre. Esse aprender junto é o que faz dele excelente mestre, porque se reconhece aprendiz, porque sabe que "o novo sempre vem" e que é na construção conjunta que nos fazemos melhores.
O bom educador assume que erra e melhora com seus erros, mais até, busca a excelência sem ignorar as faltas cometidas porque sabe que com elas aprende.
O bom educador é compromissado, responsável, estudioso, dedicado, envolvido com o seu trabalho e com o aprendizado de seus alunos. Despe-se do conformismo, do comodismo, dos vícios com os quais também tem contato na educação, que foge desse modelo desgastado de "dadores de aulas".
O bom educador perpetua o ideal de transformação das vidas e do mundo, sonha com um "mundo melhor" porque é nisso em que acredita todos os dias quando reafirma o seu compromisso com o educar.
Hoje, quando assisti a esse filme, eu me emocionei e tive a certeza de que não podemos jamais desistir do que julgamos correto, do que julgamos necessário, do que entendemos como essencial na educação. Os bons educadores só nascem e florescem em ambientes que fomentam o conhecimento, que valorizam o saber numa sociedade que só enxerga o ter, que acreditam que uma mente brilhante vale mais do que um saldo em conta corrente, que reconhece o potencial das pessoas pelo que elas conhecem e não pelo que vestem...
Hoje, quando asssisti a esse filme, eu soube reconhecer com muito mais clareza o bom educador... E que as limitações só existem para quem não enxerga e não acredita no potencial das pessoas...

Abraços,
Andréa