terça-feira, 2 de agosto de 2011

Resposta para questões cujas respostas nos fogem...

Aos alunos do Terceiro Colegial...

Respondendo a um comentário publicado hoje no texto sobre a Carol: queridos alunos, o tempo não cura nada! Tempo não é remédio, não nos receitam em doses nem em drágeas. E sim, colocamos a dor em planos diferentes. Minha mãe me ensinou que a dor da perda de alguém amado não nos abandona jamais, o que acontece é que com o tempo aprendemos a conviver com essa dor... Tempo é mestre, não receituário.
Uma vez, comecei a enxergar um pontinho preto, não sei dizer se no olho direito ou no esquerdo. Fato é que procurei um oftalmologista que me explicou a razão desse pontinho preto que eu enxergava (de forma beeem simples alguma coisa que estava "pregada" na minha retina) e que não havia como eliminá-lo, com o tempo (sim, o tal) eu me acostumaria e nem mais perceberia o dito pontinho. Tanto é que hoje não sei dizer a vocês por qual olho eu o via. Isso é só para exemplificar que as situações vão "se ajeitando" com o... Vamos lá, em coro? "Teeeeempooooo"...
A presença da Carol nas nossas vidas é o que tornou nossas existências experiências incomparavelmente mais ricas. Ela faz falta? Ohhhhh, se faz... Vai doer amanhã chegar na sala e não ter o meigo sorriso com cabeça viradinha para o lado? Ohhhhhh, se vai... Vai doer sempre se lembrarmos com pesar. Mas vai doer menos se lembrarmos do sorriso, da doçura, da luz. 
Não se trata de uma apologia ao "não vamos sofrer as perdas". Nós temos esse direito de sentir a falta, de perceber que sangramos, de dizer "Pô, Deus, a gente queria ela aqui conosco..." 
Li esses dias no livro novo da Martha Medeiros uma frase que me fez pensar nas pessoas que amam a Carolina: "A vida não apenas continua, ela recomeça". Recomeçar é fácil? É nada! Difícil... Tanto é difícil que, quando temos que "recomeçar" algo, um texto por exemplo, a gente prefere rasgar, jogar fora e fazer tudo de novo, dar um novo começo... Mas a vida nós não rasgamos, não amassamos e "basquetemente" lançamos no cestinho mais próximo... A vida a gente enfrenta. Às vezes temos que acordar fazendo frio (que acho que é o que teremos para amanhã) quando o cobertor implora para que fiquemos; às vezes temos que sorrir quando por dentro estamos uma lástima; às vezes temos que enfrentar uma multidão quando desejamos o silêncio, de preferência o nosso. Viver não segue cartilhas, não há manuais. Um dia a gente acerta; num outro a gente erra, e erra feio às vezes. Um dia a gente perdoa; no outro a gente machuca. Um dia a gente grita; no outro a gente cala. A vida é antítese. Às vezes é mais; é paradoxo! A morte é cheia de eufemismos; eufemismo é dolorido sim...
O certo é que amor não diminui, e todos nós continuamos, como continuaremos, a amar a Carolina. Presença é mais do que sentar do lado. Presença é algo que enlaça a nossa alma e nos sopra: "Estou com você". 
Cada religião responde de uma forma aos questionamentos da vida e da morte. Os ateus também devem acreditar em algo, pensar em algo... Não dá para acreditar só na decomposição do corpo quando a pessoa continua vivendo dentro da gente. Ser lembrada é uma forma de existir. Numa das crônicas lidas no citado livro a autora discorria sobre isso: deixo de existir quando morrer a última pessoa que lembrar de e pensar em mim. Assim sendo, muita gente vai continuar existindo em decorrência das minhas lembranças, dos meus pensamentos e dos meus sentimentos...
Desculpem pela falta de respostas sobre como devemos lidar com essa ausência sem consentimento em nosso coração. Eu também não sei o que fazer com essa dor, nem com as outras que acumulei. Às vezes eu calo, às vezes eu choro (na maioria das vezes, tá), às vezes eu tento mudar de assunto, desconversar, fingir que "não é comigo". Funciona? Não. Xingar também não resolve. Outro dia meu marido perguntou por que em novela todo mundo quebra as coisas quando fica nervoso, triste... Perguntou se eu tinha algum vasinho de que gostava menos para a gente experimentar, mas depois pensando que a gente ia ter muito trabalho para juntar os cacos, nós achamos por bem esquecer as saídas da ficção. Esmurrar parede? Dói também e a gente não precisa de mais dor. Então eu também não sei o que fazer a não ser esperar que o tempo (sempre ele) me ensine a colocar a falta do abraço num cantinho e lembrar do sorriso para confortar a minha alma que pede a companhia que experimentei nessa existência. Porque companhia, mais uma vez, a gente pode ter de várias formas. Há uns versos que dizem que "para estar junto não é preciso estar perto". Tenho comigo muita gente que não está perto, dentre esses muitos que aprendi a amar e a "guardar" para mim e/ou comigo está a Carolina. Sempre aqui, em lugar confortavelmente aquecido no meu coração.
Com muito carinho a todos e todas, e desejando um retorno, já na reta final das escolaridade média, que nos fortaleça e nos ensine a olhar quem divide os dias conosco com mais amizade e companheirismo.

Um agradável abraço,
Andréa

http://youtu.be/9u6iTGeVfWE

Um comentário:

  1. Andréa Como sempre confortando com suas palavras! Brigadãooooo
    Pois é para essa dor mesmo, só o TEMPO >.<
    Saudadees
    mais uma vez brigadaaa ;*
    Mariana Gouvêa

    ResponderExcluir