quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Redação ENEM 2011 - Comentada

A prova de Redação do Enem 2011 não inovou quanto ao tipo de texto exigido; como todos os anos, os alunos foram solicitados a produzir um texto dissertativo-argumentativo.
Neste ano de 2011, o tema solicitado diferiu um pouco de anos anteriores, quando se centrava em assuntos tipicamente nacionais e/ou de cunho sócio-político. Vale lembrar que em 2010 o tema foi "O trabalho na construção da dignidade humana"; 2009, “O indivíduo frente à ética nacional” (a primeira versão da prova versava sobre o Estatuto do idoso); em 2008, a temática foi a preservação da Floresta Amazônica. A prova deste ano exigiu que o aluno escrevesse sobre um assunto universal, pertencente à realidade, à vivência de qualquer país do mundo: a utilização, cada vez mais frequente, de redes sociais virtuais no processo de socialização.
É bem provável que os alunos que prestaram o exame não sentiram dificuldade de dissertar sobre o assunto, uma vez que a utilização de redes como Orkut, Facebook, Twitter e tantas outras é uma constante do quotidiano destes jovens há tempos. O enfoque proposto levava a uma reflexão sobre os limites entre o público e o privado, sobre conceitos e valores relativos ao público, ao privado e/ou a linha tênue que os separa.
Como nos anos anteriores, a coletânea ajudou o candidato a ter uma visão muito clara do tema proposto.
O primeiro trecho, extraído da Revista Galileu, apresentava o acesso à Internet como direito fundamental do ser humano, reconhecido pela ONU, com a mesma importância da educação, da moradia e da saúde. Esse trecho expunha a importância do "estar conectado", uma vez que, em muitos aspectos, para se exercer a cidadania é necessário o domínio das novas tecnologias. Para se pensar sobre isso, basta uma breve observação da realidade hoje: vota-se por urnas eletrônicas, faz-se operações financeiras num caixa eletrônico e/ou pelos banklines, declara-se Imposto de Renda pela rede, o próprio jovem só poderia fazer sua inscrição para o ENEM pela Internet (nada mais de formulários impressos), entre tantas outras situações que exigem o acesso e o domínio das tecnologias digitais (e vale ressaltar: acesso não garante o domínio, da mesma forma que informação não é sinônimo de conhecimento). Importante também que se pensasse sobre o processo de exclusão social dos "analfabetos digitais".
O segundo trecho, do site Terra, apresentava dados estatísticos que evidenciavam o alcance das redes sociais, um trecho mais focado no tema, por isso de grande importância para a discussão que se esperava. Pensem: 72% dos internautas estão ligados a alguma rede social. Ou seja, não participar de uma é assinar seu atestado de "bicho-estranho". Os jovens, principalmente, desenvolvem inúmeras atividades pelas redes sociais... O trecho apresentava, ainda, os aspectos favoráveis e desfavoráveis das redes sociais e chamava a atenção para a questão da responsabilidade do que se publica nesses espaços virtuais.
O terceiro texto era uma tirinha (e atesta que muita gente não sabe lê-las). A questão da privacidade invadida, ou da falsa noção de privacidade ultrapassa a representação das câmeras. A nossa vida está on-line. São fotos, textos, referências pessoais (experimente digitar seu nome no Google)... Somos julgados pelas comunidades ds quais participamos, pelo tipo de mensagens que veiculamos, pelas fotos que publicamos ou que publicam com a nossa imagem, pelas amizades que estabelecemos. Visitar um perfil de rede social transformou-se até em item/rotina do departamento pessoal de empresas. As pessoas, afinal, são uma imagem... 
    
A maior dificuldade desse tema foi fugir do senso comum. Seria importante traçar um painel histórico para mostrar os meios de comunicação criados pelo homem e a sua evolução, fazer comparações entre os períodos anteriores à Internet, mencionar cyberbullying, ou o problema da falta de privacidade nos tempos modernos. Existem vários exemplos que poderiam ser lembrados; no Brasil, por exemplo, o Rodeio das Gordas começou por uma rede social (as inscrições eram feitas pelo Orkut). 

Na conclusão, poderiam ser apresentadas propostas coerentes com o desenvolvimento escolhido, mostrando maneiras de utilização das redes sociais de forma ética, saudável e com parcimônia, de forma a premitir reflexões sociais e cidadãs.

A questão das redes sociais também apareceu na prova de linguagens, códigos e suas tecnologias e em outras áreas, embora de forma menos acentuada.

Abraços,
Andréa  

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