terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Comunicação: necessidade humana (Sexto ano)

Comunicar-se é uma necessidade humana. Por isso, mesmo antes da invenção da escrita, a humanidade usou outras formas para registrar suas observações, suas conquistas, seus sentimentos, seu quotidiano.


A arte rupestre é um exemplo de como nossos ancestrais registravam os eventos vividos e observados.
Os homens das cavernas também se comunicavam. Não era uma fala articulada como a que temos hoje, mas possivelmente deviam usar gestos, posturas, gritos e grunhidos.

Em um determinado momento desse passado, a necessidade de registrar os conhecimentos que esses homens tinham se fez necessário.

Todas as datas que sabemos sobre a evolução da comunicação são datas presumidas, sem muita exatidão, mas é necessário afirmar que ela sempre existiu, e acompanhou a evolução biológica do homem.
No Paleolítico e Mesolítico de 500.000 a.C. a 18.000 a.C., o homem começou a dominar a natureza, fabricar utensílios, usar trajes para se proteger do frio, usar o fogo e, dentre outras atividades, desenvolver a linguagem para se comunicar, o que hoje conhecemos como pinturas rupestres, ou seja, desenhos feitos em cavernas ou pedras.

"Toda a história do homem sobre a terra constitui permanente esforço de comunicação. Desde o momento em que os homens passaram a viver em sociedade, seja pela reunião de famílias, seja pela comunidade de trabalho, a comunicação tornou-se imperativa. Isto porque somente através da comunicação os homens conseguem trocar ideias e experiências. O nível de progresso nas sociedades humanas pode ser atribuído, com razoável margem de segurança, à maior ou menor capacidade de Comunicação entre o povo, pois o próprio conceito de nação se prende à intensidade, variedade e riqueza das comunicações humanas.
A própria sociedade moderna pode ser concebida como a resultante do aperfeiçoamento progressivo dos processos de comunicação entre os homens - do grunhido à palavra, da expressão à significação. A comunicação humana nasceu, provavelmente, de uma necessidade que se fez sentir desde os mais primitivos estágios da civilização.
Esta afirmação nos leva a repensar a importância da comunicação, da linguagem verbal e não verbal, do processo de emocionar-se e expressar ou disfarçar as emoções nos diálogos, quer sejam empresariais ou não. Numa empresa muitos prejuízos, às vezes, são causados pela má compreensão, pela diferença de linguagem entre aquele que planeja e aquele que executa a tarefa prescrita. Para realizar uma tarefa o trabalhador decodifica a tarefa descrita, provavelmente de uma forma diferente da pessoa que a descreveu, envolvendo suas próprias emoções e fazendo uso de seu próprio mapa mental, de seu banco de dados (crenças, valores, conhecimentos, cultura, experiência de outras tarefas, etc). Neste espaço que envolve um transmissor e um receptor da mensagem é que podem residir os grandes problemas. Cada uma das pessoas, conforme dissemos, decodifica as mensagens de uma forma especial, diferenciada. Muitas vezes prescrevemos uma tarefa, considerando a nossa representação mental, a nossa linguagem, a forma como decodificamos essa prescrição e desconsideramos a pessoa que realmente vai executar a tarefa e concluímos que a falha, o erro está na pessoa que realizou a tarefa, que ela é que não entendeu o que foi transmitido.
Segundo Wisner (1994), o inventário das diferenças entre atividades reais e atividades prescritas é extremamente útil para descobrir tudo que é difícil, ou até impossível de realizar no trabalho prescrito ou que foi mal compreendido. É isto que nos leva a pensar na importância da comunicação, da linguagem verbal e não verbal para minimizar possíveis falhas neste processo.
O conteúdo e o contexto de uma comunicação se combinam para confirmar o significado. O contexto é o cenário total, o sistema completo que o envolve.
Umas poucas palavras bem escolhidas e ditas no momento certo podem transformar a vida de uma pessoa. A comunicação é um relacionamento e não uma transferência unilateral de informação. Ninguém pode ser professor sem alunos, ou vendedor sem clientes, ou terapeuta sem pacientes. Agir com sinceridade e sabedoria significa levar em consideração as relações e interações entre nós e os outros.
A linguagem tem poder. É importante que tenhamos certeza de que estamos dizendo o que realmente queremos dizer, compreendendo da maneira mais clara possível o que os outros querem dizer e permitindo que eles compreendam o que queremos dizer.
Segundo o ditado popular, as palavras não custam caro. Na verdade, não custam nada. No entanto, tem o poder de evocar imagens, sons e sentimentos no ouvinte ou leitor, como sabem muito bem os poetas e os publicitários. Podem iniciar ou terminar relacionamentos, destruir relações diplomáticas, provocar brigas e guerras. Palavras podem nos colocar em estados positivos ou negativos; são âncoras para uma série complexa de experiências. Portanto, a resposta à pergunta ' O que significa realmente uma palavra ?' gera outra pergunta: ' Para quem ?'
A linguagem é um instrumento de comunicação e portanto, as palavras significam aquilo que as pessoas convencionam que elas signifiquem. Sem a linguagem, não existiria a sociedade como a conhecemos.
'Mas a glória não significa um argumento arrasador', contestou Alice.
'Quando uso uma palavra', disse Humpty Dumpty num tom de desprezo, 'ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique - nem mais nem menos.'
'A questão', ponderou Alice, 'é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.'
'A questão', replicou Humpty Dumpty, 'é saber quem é que manda - é só isso.'
(Através do espelho e o que Alice encontrou lá: Lewis Carrol)

Confiamos na instituição de pessoas que falam a mesma língua e no fato de que nossa experiência sensorial é suficientemente semelhante para que nossos mapas comunicacionais tenham muitas características em comum. Sem essas características, as conversas não teriam sentido e todos seríamos como Humpty Dumpty da história de Alice. Mas não compartilhamos o mesmo mapa. Cada pessoa vivencia o mundo de uma maneira muito específica e portanto, expressa-o também, de uma forma muito específica.
Para Hjelmslev (1975), 'a linguagem –a fala- é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores. A linguagem é inseparável do homem e segue-o em todos os seus atos. A linguagem é o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base última e mais profunda da sociedade humana.'" 
                        (Disponível em http://www.eps.ufsc.br/disserta99/berger/cap2.html, acesso em 01 fev 2011)

Nenhum comentário:

Postar um comentário