domingo, 3 de abril de 2011

"FRONT OF THE CLASS"


FICHA TÉCNICA



Título Original: Front of the Class
Ano de lançamento:2008
Tema: Síndrome de Tourette


Sinopse: Drama familiar sobre um homem com síndrome de Tourette que desafia a todos a se tornar um excelente professor. Inspirado em uma história verdadeira.

Já li em algum livro que devamos abandonar a ideia do lecionar como um dom. A docência é aprendida, segundo o lido. Há, no entanto, uma ideia da qual não me desvencilho: a opção pela docência pode refletir a importância que os nossos professores tiveram na nossa história. Segundo essa minha concepção, guardamos conosco os modelos do que julgamos "bons professores" e tentamos, em nosso próprio percurso profissional, repetir as lições aprendidas com os que julgamos "grandes mestres".
Um grande mestre não precisa ter uma titulação concedida em decorrência de um mestrado ou doutorado. Um grande mestre torna-se paradigma porque modifica uma existência, em dada passagem, ajuda a descobrir sentidos, colabora para a autodescoberta de talentos, orienta para além dos livros, não enxerga limites para o aprendizado dos seus alunos. Um grande mestre vai além... Ele é levado para a vida...
Todos nós, em qualquer idade, somos marcados por um, ou por muitos, grandes educadores. Sorte dos que encontraram esse tipo em várias instâncias de sua formação. Um bom educador é um "produto escasso no mercado educacional"...
Tenho comigo que, infelizmente, a sociedade tem sido conformista demais com a raridade do bom educador na vida dos filhos. Se não há o excelente, aceita-se o bom. Se falta o bom, que venha o mediano. Se nem o mediano é encontrado, contenta-se com o ruim. Se nem o ruim se tem, finge-se que o péssimo supre as necessidades de aprendizado das nossas crianças e jovens...
Assusta-me a ideia de professores que não estudam, que acham livros caros, que não leem, que não desenvolvem o hábito de escrever, que copiam mais suas aulas de livros e "manuais" do que as constroem. Deixa-me horrorizada a ideia de professores que sabem mais sobre as últimas tendências da moda e o resultado do futebol do que das concepções que norteiam sua área de atuação...
A docência talvez seja a atividade profissional que mais diretamente atue sobre vidas. E o que fazemos dessas vidas com as quais temos contato diário? Responsabilizamo-nos pelos reflexos positivos e também pelas lacunas que poderemos deixar? Quando adentramos nossas salas de aula, como enxergamos esse espaço? Permitimos que nele habitem nossos sonhos também? Porque o bom educador, apesar de todos os problemas com os quais convive, não abdica de seus ideais e, por eles, permanece na luta diária de se fazer significar.
O bom educador não precisa ser "bonzinho", não precisa ser "show-man" ou "show-woman", não precisa levar para a sala um mundo de coisas, mas obrigatoriamente não pode deixar de levar as coisas do mundo... Há que, indiscutivelmente, fazer o seu conteúdo ser percebido na notícia do jornal, no filme em cartaz no cinema, nas páginas do livro lido, no capítulo da novela, nos acontecimentos do país e também dos outros países, na hora do intervalo da escola, nas relações com as pessoas.
Esse tipo de que trato aprende junto com seus alunos muitas lições. Não precisa e nem deve ser o "supra-sumo" do saber sempre. Esse aprender junto é o que faz dele excelente mestre, porque se reconhece aprendiz, porque sabe que "o novo sempre vem" e que é na construção conjunta que nos fazemos melhores.
O bom educador assume que erra e melhora com seus erros, mais até, busca a excelência sem ignorar as faltas cometidas porque sabe que com elas aprende.
O bom educador é compromissado, responsável, estudioso, dedicado, envolvido com o seu trabalho e com o aprendizado de seus alunos. Despe-se do conformismo, do comodismo, dos vícios com os quais também tem contato na educação, que foge desse modelo desgastado de "dadores de aulas".
O bom educador perpetua o ideal de transformação das vidas e do mundo, sonha com um "mundo melhor" porque é nisso em que acredita todos os dias quando reafirma o seu compromisso com o educar.
Hoje, quando assisti a esse filme, eu me emocionei e tive a certeza de que não podemos jamais desistir do que julgamos correto, do que julgamos necessário, do que entendemos como essencial na educação. Os bons educadores só nascem e florescem em ambientes que fomentam o conhecimento, que valorizam o saber numa sociedade que só enxerga o ter, que acreditam que uma mente brilhante vale mais do que um saldo em conta corrente, que reconhece o potencial das pessoas pelo que elas conhecem e não pelo que vestem...
Hoje, quando asssisti a esse filme, eu soube reconhecer com muito mais clareza o bom educador... E que as limitações só existem para quem não enxerga e não acredita no potencial das pessoas...

Abraços,
Andréa

Um comentário:

  1. Como é gostoso encontrar alguém que compartilha dos mesmos ideais, sonhos e crenças que a gente.
    Tivemos uma excelente professora, uma pessoa formidável que nos ensinou a ver com o coração, a ter ética e compromisso com o que nos propomos a fazer, a sermos realmente educadoras.
    Com todo este embasamento que reafirmo o meu compromisso enquanto educadora, todos os dias, e prometo a mim mesma jamais desistir do que julgo correto.
    Um enorme abraço.
    Sandra Zen

    ResponderExcluir